Terlipressina
Terlipressina é um fármaco análogo da vasopressina usado como uma droga vasoativa no tratamento da hipotensão. Indicações de utilização da terlipressina incluem o tratamento da síndrome hepatorrenal e do choque séptico resistente à norepinefrina. Além disso, ela é usada no sangramento de varizes esofágicas.[1][2]
Aprovação
[editar | editar código-fonte]A terlipressina foi primeiramente aprovada no início dos anos 80 na Alemanha para o tratamento de pacientes com HDAV. Produtos contendo terlipressina têm sido comercializados na Europa, América do Sul e Ásia para o tratamento da HDA. Terlipressina também foi aprovada para o tratamento da SHR na França, Índia, Irlanda, México, Portugal, Coreia do Sul, Tailândia e Espanha [3]
Nos EUA, a terlipressina foi aprovada em 2009 para SHR.
Mecanismo de ação
[editar | editar código-fonte]Após a administração por via intravenosa, a terlipressina é transformada por ação de enzimas no agente ativo lisina-vasopressina. O metabolismo da terlipressina resulta em uma liberação gradual da vasopressina, que por sua vez determina a diminuição do diâmetro (vasoconstrição) dos vasos sanguíneos que irrigam os órgãos abdominais (esplâncnicos), provocando aumento da resistência ao fluxo sanguíneo intestinal e reduzindo a pressão na veia porta (veia que drena o sangue do sistema digestivo). [4][5]
A terlipressina diminui a hipertensão portal e induz vasoconstrição no território esplâncnico, levando à contração dos músculos esofágicos e à compressão das varizes esofágicas. A concentração da lisina-vasopressina liberada pela terlipressina permanece dentro de níveis terapêuticos por um período de 4 a 6 horas. A terlipressina possui apenas 3% da ação antidiurética da vasopressina natural, o que torna essa ação irrelevante do ponto de vista clínico. O uso da terlipressina provoca efeito lento na pressão sanguínea ao longo de 2 a 4 horas. Há discreto aumento de pressão arterial. O uso de terlipressina não possui efeito tóxico no coração mesmo na dosagem mais alta. Raramente podem ocorrer arritmias, bradicardia e insuficiência coronariana. Com o uso da terlipressina, a circulação sanguínea no útero é muito diminuída. A terlipressina reduz a circulação sanguínea da pele, provocando palidez no corpo e na face do paciente [6]
Usos clínicos
[editar | editar código-fonte]A terlipressina é utilizada no tratamento da hemorragia digestiva alta varicosa (HDAV) e na síndrome hepatorrenal (SHR) do tipo 1, pois mostrou-se eficaz na redução da mortalidade e melhora da função renal [1][6]
Com base na redução do risco relativo de mortalidade em 34%, a terlipressina é considerada eficaz no tratamento do sangramento agudo de varizes esofágicas. Por esse motivo, a terlipressina deveria ser considerada o agente vasoativo de escolha, quando disponível, em casos de sangramento agudo de varizes esofágicas.
Em comparação à octreotida no tratamento de HDAV, a terlipressina parece ter um efeito hemodinâmico mais sustentado em pacientes com HDA com um menor tempo de hospitalização. [7][8]
Pacientes com cirrose e síndrome hepatorrenal do tipo 1 tratados com terlipressina apresentaram significativa melhora da função renal. A terlipressina reverteu a síndrome hepatorrenal em 60% dos pacientes estudados, e essa reversão foi associada a uma melhora na sobrevida dos pacientes. A terlipressina é bem tolerada pela maioria dos pacientes, e deve ser utilizada na síndrome hepatorrenal do tipo 1 até a realização do transplante hepático.[9][10]
Efeitos adversos
[editar | editar código-fonte]As reações mais comuns observadas nos estudos clínicos foram cefaleia, bradicardia, palidez da face e do corpo, vasoconstrição periférica, isquemia periférica, hipertensão, cólicas abdominais transitórias e diarreia transitória.
Reações incomuns: Hiponatremia (diminuição dos níveis de Sódio no sangue).
Reações raras: Taquicardia, dispneia e insuficiência cardiaca.[1]
Contraindicações
[editar | editar código-fonte]A terlipressina está contraindicada nos casos de gravidez ou de hipersensibilidade à terlipressina ou algum dos excipientes.[1]
Interações
[editar | editar código-fonte]A terlipressina aumenta o efeito hipotensor de beta-bloqueadores não-seletivos na veia porta. O tratamento concomitante da terlipressina com medicamentos bradicardizantes (p. ex. propofol, sulfentanil) pode diminuir a frequência cardíaca e o débito cardíaco.[1]
- ↑ a b c d e O'Brien A, Clapp L, Singer M (2002). «Terlipressin for norepinephrine-resistant septic shock». Lancet. 359 (9313): 1209–10. PMID 11955542. doi:10.1016/S0140-6736(02)08225-9
- ↑ Uriz J, Ginès P, Cárdenas A, Sort P, Jiménez W, Salmerón J, Bataller R, Mas A, Navasa M, Arroyo V, Rodés J (2000). «Terlipressin plus albumin infusion: an effective and safe therapy of hepatorenal syndrome». J Hepatol. 33 (1): 43–8. PMID 10905585. doi:10.1016/S0168-8278(00)80158-0
- ↑ [ttps://www.tga.gov.au/file/1634/download «Australian Public Assessment Report for Terlipressin - Therapeutic Good Administration, Department of Health of Australia.»]. Consultado em 15 de junho de 2015
- ↑ Saner FH, Canbay A, Gerken G, Broelsch CE. Pharmacology, clinical efficacy and safety of terlipressin in esophageal varices bleeding, septic shock and hepatorenal syndrome. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2007 Dec;1(2):207-17. [S.l.: s.n.] PMID 19072411
- ↑ Krag A, Borup T, Møller S, Bendtsen F. Efficacy and safety of terlipressin in cirrhotic patients with variceal bleeding or hepatorenal syndrome. Adv Ther. 2008 Nov;25(11):1105-40. [S.l.: s.n.] PMID 19018483
- ↑ a b Glypressin® Corporate Core Data Sheet - CCDS (Ferring Pharmaceiticals).
- ↑ Baik SK, Jeong PH, Ji SW, et al. Acute hemodynamic effects of octreotide and terlipressin in patients with cirrhosis: a randomized comparison. Am J Gastroenterol. 2005 Mar;100(3):631-5. [S.l.: s.n.] PMID 15743362
- ↑ Abid S, Jafri W, Hamid S, et al. Terlipressin vs. octreotide in bleeding esophageal varices as an adjuvant therapy with endoscopic band ligation: a randomized double-blind placebo-controlled trial. Am J Gastroenterol. 2009 Mar;104(3):617-23. [S.l.: s.n.] PMID 19223890
- ↑ Colle I, Durand F, Pessione F, et al. Clinical course, predictive factors and prognosis in patients with cirrhosis and type 1 hepatorenal syndrome treated with Terlipressin: a retrospective analysis. J Gastroenterol Hepatol. 2002 Aug;17(8):882-8. [S.l.: s.n.] PMID 12164964
- ↑ Moreau R, Durand F, Poynard T, et el. Terlipressin in patients with cirrhosis and type 1 hepatorenal syndrome: a retrospective multicenter study. Gastroenterology. 2002 Apr;122(4):923-30. [S.l.: s.n.] PMID 11910344