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Mafalda de Saboia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Mafalda de Sabóia)
 Nota: Não confundir com Matilde de Saboia.
Mafalda de Saboia

Representação de Mafalda na Genealogia dos Reis de Portugal.
Rainha de Portugal
Reinado Janeiro/Junho de 11463 de Dezembro de 1158
Antecessor(a) Teresa de Leão (como condessa de Portucale)
Sucessor(a) Dulce de Aragão
Nascimento 1125
Morte 3 de dezembro de 1158 (33 anos)
  Coimbra, Portugal
Sepultado em Mosteiro de Santa Cruz, Coimbra
Cônjuge Afonso I de Portugal
Casa Saboia (por nascimento)
Borgonha (por casamento)
Pai Amadeu III de Saboia
Mãe Mafalda de Albon

Mafalda de Saboia ou Matilde (em francês: Mathilde de Savoie; 1125[1]Coimbra, em 3 de dezembro de 1157[2] ou mais provavelmente em 1158[3] [4]) foi a primeira rainha de Portugal, desde 1146 até à sua morte, como esposa de Afonso I de Portugal.

Era a segunda ou terceira filha do conde Amadeu III de Saboia e da sua segunda esposa Mafalda (ou Matilde) de Albon,[1][5] (irmã de Guigues IV, conde de Albon, “o Delfim”). Uma tia de Mafalda, Adelaide de Saboia, foi rainha consorte de França pelo seu matrimônio com o rei Luís VI e um de seus tios-avô foi o Papa Calisto II.[6]

Possíveis razões para o seu casamento com Afonso Henriques

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O pai de Mafalda havia participado na Segunda Cruzada e isso poderia ter sido uma das razões para a eleição de Mafalda como consorte do primeiro rei de Portugal com o objetivo de formar uma aliança entre o novo reino e a Casa de Saboia para a expulsão de muçulmanos do território português e, ao mesmo tempo, demonstrar a sua independência escolhendo uma esposa fora do escopo e influência da Monarquia de Leão.

Também é possível que Afonso Henriques não pudesse escolher uma das infantas dos reinos ibéricos por razões de parentesco[7] ou que o casamento foi sugerido pelo cardeal Guido de Vico, o legado papal na Península Ibérica e uma das testemunhas em 1143 do Tratado de Zamora.[8]

As rainhas de Portugal contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Por testamento, Mafalda reservou determinados direitos de portagem à manutenção de uma albergaria e uma gafaria (hospital para leprosos) que fundara na antiga vila de Canaveses (próximo do centro do atual concelho de Marco de Canaveses). De facto, D. Mafalda terá vivido em Canaveses durante algum tempo, dirigindo a reconstrução de uma velha ponte romana sobre o rio Tâmega. Tal leva a pensar se a terra em questão lhe pertenceria, apesar de continuarem a subsistir dúvidas sobre se as referências a Mafalda se reportam à rainha consorte de Afonso Henriques ou à sua neta, filha de Sancho I de Portugal.[9]

Vida como rainha consorte

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A presença de Mafalda é registrada pela primeira vez em Portugal em 23 de maio de 1146, quando, junto com o marido, confirmou uma doação de sua sogra, Teresa de Leão à Ordem de Cluny.[10] Foi padroeira dos cistercienses e fundou o Mosteiro da Costa em Guimarães e uma albergaria para peregrinos, uma gafaria e uma capela na antiga vila de Canaveses (atualmente parte do concelho de Marco de Canaveses). Em Canaveses ainda sobrevive o paço real onde terá vivido, mas tendo sofrido já várias obras desde então.[10][9]

O historiador medieval inglês, Walter Map, em sua obra De nugis curialium, diz que "o rei de Portugal que agora vive", quase com certeza Afonso I, tinha sido convencido por maus conselheiros de matar sua esposa grávida por causa do ciúme. No entanto, não há outra fonte para confirmar esta história que geralmente não é aceite.[11]

Morte e sepultura

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A rainha Mafalda morreu em Coimbra, provavelmente em 3 de dezembro de 1158.[nota 1] Mafalda está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, junto do marido.[14]

Descendência

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Segundo os Annales D. Alfonsi Portugallensium Regis, o casamento com Afonso Henriques foi celebrado em 1145, no entanto não foi até um ano depois, em maio de 1146,[15] quando ambos aparecem juntos pela primeira vez. O historiador José Mattoso cita outra fonte, "Notícias sobre a Conquista de Santarém", segundo a qual a cidade foi tomada em 15 de maio de 1147, menos de um ano após o casamento real. Devido a que naquele tempo os casamentos não podiam ser celebrados durante a quaresma, Mattoso sugere que o casamento foi celebrado em março ou abril de 1146, possivelmente no Domingo de Páscoa que naquele ano foi o 31 de março.[16]

Deste casamento nasceram:

Precedida por
Teresa de Leão
(condessa com
título de rainha)

Rainha de Portugal

11461158
Sucedida por
Dulce de Aragão
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Notas
  1. José Mattoso diz que Mafalda morreu em 4 de dezembro de 1157.[12] O historiador La Figanière menciona o mesmo dia, mas um ano depois, e cita um documento que mostra que a rainha ainda vivia em 1158.[13] O documento, arquivado na Torre do Tombo, refere-se à doação de Atouguia pelo rei Afonso e sua esposa onde o rei confirma cum uxore mea Regina domna Mahalda filia comitis Amadei et de Moriana.[3]. A Crónica dos Godos dá a data de 3 de dezembro de 1158. Maria Alegria Fernandes Marques no artigo Mafalda de Mouriana e Sabóia (1130/1133 – 1158), primeira rainha de Portugal em Portugal e o Piemonte: a casa real portuguesa e os sabóias: nove séculos de relações dinásticas e destinos políticos (XII-XX), da Imprensa da Universidade de Coimbra publicado em 2013, indica "Mesmo sabendo nós que veio a falecer em Dezembro de 1158, a rainha tem a sua última presença activa em Julho de 1157. Até ao tempo em que veio a ocorrer o seu falecimento, a chancelaria de seu marido só apresenta o nome da rainha, e apenas na invocação que dela é feita, em dois diplomas da Primavera desse ano de 1158. A partir de então, é a ausência total. D. Mafalda de Mouriana viria a falecer muito provavelmente em 3 de Dezembro de 1158".
Referências
  1. a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 67.
  2. Mattoso 2014, p. 223-227.
  3. a b La Figanière 1859, p. 231.
  4. Fernandes Marques, Maria Alegria (2013). Imprensa da Universidade de Coimbra, ed. Mafalda de Mouriana e Sabóia (1130/1133 – 1158), primeira rainha de Portugal em Portugal e o Piemonte: a casa real portuguesa e os sabóias: nove séculos de relações dinásticas e destinos políticos (XII-XX) (PDF). Coimbra: [s.n.] 
  5. Caetano de Souza 1735, p. 65.
  6. Rodrigues Oliveira 2010, p. 69.
  7. a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 80.
  8. Rodrigues Oliveira 2010, pp. 67–68.
  9. a b Vasconcelos, Manuel de (1935). Vila de Canaveses. Notas para a sua história. [S.l.]: Imprensa Nacional de Lisboa 
  10. a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 75.
  11. Mattoso 2014, p. 224–225.
  12. Mattoso 2014, p. 223.
  13. Rodrigues Oliveira 2010, p. 612, n. 33.
  14. Rodrigues Oliveira 2010, p. 76.
  15. Rodrigues Oliveira 2010, p. 71.
  16. Mattoso 2014, p. 220.
  17. a b c Caetano de Souza 1735, p. 60.
  18. a b c d e Mattoso 2014, p. 226.
  19. a b c d Rodrigues Oliveira 2010, p. 79.
  20. Mattoso 2014, pp. 372-373.
  21. a b c Castro 1997, p. 297.
  22. «Congresso Histórico Internacional» 
  23. Mattoso 2014, pp. 287-288 e 290.
  24. Mattoso 2014, p. 227.
  25. Mattoso 2014, pp. 227 e 383.
  26. Rodrigues Oliveira 2010, p. 72.


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