Carabaque
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Região histórica | ||
Mapa de Carabaque nas fronteiras modernas: Alto Carabaque e Baixo Carabaque, Zangezur, fronteiras históricas máximas de Carabaque. | ||
Localização | ||
Região do Carabaque dividida entre a Armênia e o Azerbaijão. | ||
Localização aproximada de Carabaque na região do Cáucaso. | ||
Coordenadas | 39° 45′ N, 46° 45′ L |
Carabaque (Karabax ou Karabakh; em armênio/arménio: Ղարաբաղ; em azeri: Qarabağ) é uma região histórica e geográfica situada no atual sudoeste do Azerbaijão e leste da Armênia, estendendo-se desde as terras altas do Pequeno Cáucaso até os vales entre os rios Cura e Aras. A área abrange três outras regiões: o chamado Alto Carabaque (a antiga província armênia de Artsaque), o Baixo Carabaque (as estepes ao sul do Cura) e parte de Siunique.[1][2][3][4] Geograficamente a região do Carabaque se encontra na parte mais oriental do Planalto Armênio.[5]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O nome Carabaque é tido geralmente como originário do turcomano e do persa, e significa literalmente "jardim negro".[6] Uma teoria alternativa diz que o nome teria uma origem turco-armênia, e significaria "Grande Baghk", uma referência ao reino de Ktish-Baghk, um dos principados de Artsaque.[7].
O local é mencionado pela primeira vez nas Crônicas Georgianas (Kartlis Tskhovreba, "A Vida dos Georgianos"), assim como em fontes persas dos séculos XIII e XIV.[8] O nome se tornou comum depois da década de 1230, quando a região foi conquistada pelos mongóis.[9].
História
[editar | editar código-fonte]No século XV o viajante alemão Johann Schiltberger percorreu o Baixo Carabaque e o descreveu como uma ampla e bela planície na Armênia. Ele escreveu:
"Os Infiéis possuem todo [o Baixo Carabaque], e no entanto ele se situa na Ermenia (sic). Existem também armênios nas vilas, porém eles têm de pagar tributo aos Infiéis. Sempre vivi com os armênios, porque são muito amistosos com os alemães. (...) Na Armênia existem três reinos; um chama-se Tiffliss, o outro é Syos, e o terceiro Ersingen; os armênios o chamam de Ising-kan, e esta é a Pequena Armênia. Eles também dominaram a Babilônia por muito tempo; porém agora já não mais a possuem."[10] De acordo com os editores do livro, por diversas vezes Schiltberger teria dado muita atenção aos contos e histórias exageradas de seus amigos armênios.[10]
O Alto Carabaque (em russo Nagorno-Karabakh) ou Artsaque foi, de 821 até o início do século XIX, governado pela dinastia armênia de Khachen e seus diversos sucessores, os meliques do Carabaque.[11]. Em 1747 Pana Javanxir, um líder tribal local turcomano, se apoderou da região após a morte de Nadir Xá, e tanto o Baixo quanto o Alto Carabaque passaram a fazer parte do novo Canato do Carabaque.[11] Ainda assim o Alto Carabaque continuou a ser governado por seus próprios príncipes hereditários, conhecidos como meliques, até o território ser anexado pela Rússia, em 1805.[11].
Sob o domínio russo o Carabaque foi definido como uma região com uma área de 13.600 km², com a cidade de Shusha (ou Shushi) como sua capital.[12] Sua população consistia de armênios e muçulmanos de diferentes etnias, em números praticamente equivalentes: enquanto o Alto Carabaque era povoado quase que completamente por armênios, o Baixo Carabaque era majoritariamente islâmico.[11]
Em 1923 parte do Alto Carabaque foi transformado no Oblast Autônomo de Alto Carabaque, dentro da República Socialista Soviética do Azerbaijão.[5][11] Em 1991 o governo local de Alto Carabaque e o de Shahumian declarou unilateralmente sua independência da RSS do Azerbaijão, formando a República do Alto Carabaque (República do Alto Carabaque, atual República de Artsaque), que permanece até hoje sem reconhecimento internacional. Partes do Baixo Carabaque têm sido controladas pelas forças armênias desde a Guerra do Alto Carabaque, que terminou em 1994.[13]
Galeria
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Grande Mesquita de Govhar Agha (séc. XVIII)
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Mausoléu de Melique Aidar (séc. XIV)
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Fortaleza Shahbulag (séc. XVIII)
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Mesquita de Agdam
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Casa de Khurshidbanu Natavã
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Fortaleza de Shusha (séc. XVIII)
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Fortaleza de Handaberde (séc. IX)
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Mausoléu de Yahyi ibn Muhammad al-Hajja (1305)
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Fortaleza de Asquerã (séc. XVIII)
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Pequena Mesquita de Govhar Agha (séc. XIX)
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Mosteiro de Ganzasar (1216-1238)
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Mausoléu de Javanxir (séc. XIV)
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Mosteiro de Amaras (séc. IV)
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Restos do Mosteiro de Karmiravan (séc. XIII)
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Restos do complexo do mosteiro Akobavank (séc. XII-XIII)
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Restos do complexo do mosteiro Khorekavank (séc. V-XIII)
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Restos do Mosteiro Bri Yekhtsi (séc. XIII)
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Ruínas do Mosteiro de Koshik Anapat (séc. XII)
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Restos do Mosteiro de Hatravank (séc. XII)
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Igreja de São João (séc. XVII)
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Mosteiro de Tsitsernavank (séc. IV-VI)
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Ruínas do mosteiro de Okhti Drni (séc. V-VI)
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Arredores da aldeia de Karmir Shuka.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- ↑ Babakhanian, Collection of Works, volume 3, History of Armena. Book 2. "Hayastan" publishing, Ierevan 1973, p. 9.
- ↑ Ulubabyan, Bagrat, Survival struggle of Artsakh, Ierevan 1993, p. 3. ISBN 5-8079-0869-4.
- ↑ Karabagi, Mirza Jamal Javanshir. The History of Karabakh. cap. 2: About the borders, old cities, population aggregates and rivers of the Karabakh region.
- ↑ Hewsen, Robert H., Russian-Armenian relations, 1700-1828. Society of Armenian Studies, N4, Cambridge, Massachusetts, 1984, p 37.
- ↑ a b Hewsen, Robert H. "The Meliks of Eastern Armenia: A Preliminary Study". Revue des études Arméniennes. NS: IX, 1972, pp. 289.
- ↑ Regions and territories: Nagorno-Karabakh - BBC News
- ↑ Hewsen, Robert H. Armenia: a Historical Atlas. University of Chicago Press, 2001, pp. 119-120.
- ↑ Enciclopédia Armênia Soviética, "O Oblast Autônomo de Alto Carabaque" (em armênio), Vol. 7, Ierevan 1981. p. 26
- ↑ Grande Enciclopédia Soviética, "NKAO, Historical Survey", 3ª edição, traduzida para o inglês, New York: Macmillan Inc., 1973
- ↑ a b Schiltberger. Bondage and Travels of Johann Schiltberger. (tradução para o inglês de J. Buchan Telfer). Ayer Publishing, 1966, p. 86. ISBN 083373489X.
- ↑ a b c d e Hewsen, Robert H. Armenia: A Historical Atlas. The University of Chicago Press, 2001, pp. 119, 155, 163, 264-265.
- ↑ Royal Geographical Society (Grã-Bretanha). A Gazetteer of the World. A. Fullarton, 1856, p. 450.
- ↑ Departamento de Estado dos EUA - Resoluções de 1993 do Conselho de Segurança das Nações Unidas