Espiga (cutelaria)
A espiga[1] ou espigão,[2] no âmbito da cutelaria, é a porção delgada e aguda das lâminas ou ferros das facas, punhais, adagas, espadas e outras armas brancas quejandas, que se insere e encrava nos cabos e empunhaduras.
História
[editar | editar código-fonte]O espigão foi uma invenção da Idade do Ferro.[3]
Nas facas da Idade da Pedra, a lâmina e a empunhadura formavam uma peça única e inteiriça, esculpida do mesmo bloco de pedra, distinguindo-se apenas, por vezes, por um revestimento no cabo, feito com tiras de couro ou fibras vegetais, por molde a oferecer maior aderência a quem o empunhasse.[3]
O nascimento do punhal e, essencialmente, da espada durante a Idade do Cobre, marcou o primeiro passo, que se tomou rumo à diferenciação entre a lâmina e a empunhadura.[4] É nesta altura que se começa a afigurar aos armeiros a necessidade de conceber uma empunhadura estável, fácil de asir pelo portador e, concomitantemente, capaz de comunicar à lâmina a força que aquele lhe pretender imprimir.[2] As espadas da Idade do Bronze tinham uma lâmina que rematava numa "língua bifurcada" de metal perfurado, destinada a encaixar no cabo, que por sua vez, também era feito de metal, segurando-se uma peça à outra por meio de pregos ou tachas.[4]
A espiga ou espigão que vai chegar à época medieval, mantendo-se, ulteriormente, praticamente inalterada durante séculos, tratava-se de uma porção mais delgada do resto da lâmina, que era encastrada dentro do cabo e rematada pelo pomo ou maçã da espada.[3]
- ↑ Bluteau, Rafael (1713). VOCABULARIO PORTUGUEZ, E LATINO, AULICO, ANATOMICO, ARCHITECTONICO, BELLICO, BOTANICO, Brasilico, Comico, Critico, Chimico, Dogmatico, Dialectico, Dendrologico, Ecclesiastico, Etymologico, Economico, Florifero, Forense, Fructifero, Geographico, Geometrico, Gnomonico, Hydrographico, Homonymico, Hierologico, Ichtyologico, Indico, Isagogico, Laconico, Liturgico, Lithologico, Medico, Musico, Meteorologico, Nautico, Numerico, Neoterico, Ortographico, Optico, Ornithologico, Poetico, Philologico, Pharmaceutico, Quidditativo, Qualitativo, Quantitativo, Rhetorico, Rustico, Romano, Symbolico, Synonimico, Syllabico, Theologico, Terapeutico, Technologico, Uranologico, Xenophonico, Zoologico: AUTORIZADO COM EXEMPLOS DOS MELHORES ESCRITORES PORTUGUEZES, E LATINOS, E OFFERECIDO A EL-REY DE PORTUGAL, D. João V. Lisboa: No Collegio das Artes da Companhia de Jesu. p. 550
- ↑ a b COUTINHO DE OLIVEIRA, JOÃO MIGUEL (2020). A ESPADA MEDIEVAL, DA THESIS À PRAXIS (SÉCULOS XIV E XV). Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 105. 197 páginas
- ↑ a b c Burton, Richard (2014). The Book of the Sword. London, UK: Skyhorse. p. 80. 336 páginas. ISBN 162636401X
- ↑ a b Peterson, Harold, Daggers and Fighting Knives of the Western World, Dover Publications, ISBN 0-486-41743-3, ISBN 978-0-486-41743-1 (2002), pp. 7-16