Cratera Shiva
A cratera Shiva é uma estrutura do fundo oceânico situada sob o oceano Índico, a oeste de Bombaim, Índia. Foi descoberta pelo paleontólogo indiano Sankar Chatterjee, que a chamou "Shiva" em honra ao deus hinduísta da destruição e do renascimento.
A sua idade é estimada em cerca de 65 milhões de anos, e a sua formação coincide com a de outras crateras de impacto e com a extinção em massa Cretáceo-Paleógeno. Tem um comprimento de cerca de 600 km e uma largura de 400 km, se bem que o seu aspecto tenha mudado desde a sua formação devido à expansão do fundo oceânico. Dadas estas dimensões, deveu ser causado por um asteroide ou cometa de cerca de 40 km de diâmetro.
O complexo de Shiva apoia a teoria de a causa da extinção Cretáceo-Paleógeno ter sido a fragmentação de um asteroide massivo, cujos pedaços bateram a Terra em diferentes lugares; esta teoria é conhecida como a "teoria dos múltiplos impactos".[1]
Durante a extinção do Cretáceo-Paleogeno, a Índia estava situada no ponto quente da Reunião. O impacto causou a ascensão de material incandescente do manto terrestre para a superfície, cobrindo de lava grandes áreas da atual Índia, criando o planalto do Decão, que cobre a maior parte do sul do subcontinente indiano. Alguns autores acreditam que tanto a cratera como o planalto do Decão são a causa das grandes reservas de petróleo e gás existentes na zona.[2]
Morfologia
[editar | editar código-fonte]Ao contrário de outras muitas crateras de impacto, o complexo de Shiva tem forma de lágrima, de umas dimensões de cerca de 600 km por 400 km,[3] sendo estranhamente retangular. Chatterjee atribui como causa o baixo ângulo de aproximação e ao fato de o ponto de impacto coincidir com uma fronteira entre duas falhas.[4] Outros investigadores acreditam como causa da sua forma a presença de uma falha.[5] Assim como outras crateras de tamanho similar, no complexo Shiva aparecem anéis concêntricos que apresentam um aro afundado exterior e uma agulha central.[3]
A idade da cratera foi deduzida a partir da idade do planalto do Decão, o qual contém quantidades relativamente altas de irídio (um elemento extremamente raro na crosta terrestre mas mais comum nos asteroides). A cratera também contém quantidades acima da meia de rochas alcalinas fundidas, quartzo chocado e óxido de ferro misturado com irídio.[6][7] Este tipo de rochas e características sugestionam ter tido como origem um impacto.[3] Para além disso, a espessura do nível K-T é de um metro.[3] Assumindo que a camada de argila é formada pelos restos de depósitos disseminados dos restos do impacto, a espessura da camada sugestionaria que o impacto ocorreu perto da Índia.
Extinção em massa
[editar | editar código-fonte]A descoberta da cratera Shiva e de outros complexos como o de Chicxulub de características similares foi a origem da teoria dos múltiplos impactos nesse período, o qual causou um evento de extinção em massa no final do Cretáceo.[8] Segundo outras teorias, o impacto de Chicxulub teria sucedido cedo demais como para causar esta extinção, considerando o impacto de Shiva bem grande como para causar por si só a extinção em massa.[9][10]
Chatterjee acredita na existência de múltiplos impactos, sendo Shiva um deles, e afirma que "a extinção do K/T foi definitivamente um palco de múltiplos impactos"[11] Outros cientistas duvidam tanto da hipótese sobre o impacto múltiplo como de o complexo de Shiva ser uma cratera. Assim, um artigo de 2008 da revista Nature sugere que a cratera Silverpit era na realidade uma dolina.[11]
- ↑ Chatterjee, Sankar (agosto de 1997). «Multiple Impacts at the KT Boundary and the Death of the Dinosaurs». 30th International Geological Congress. 26: 31–54. Consultado em 22 de fevereiro de 2008
- ↑ Agrawal, P., Pandey, O (novembro de 2000). «Thermal regime, hydrocarbon maturation and geodynamic events along the western margin of India since late Cretaceous». Journal of Geodynamics. 30 (4): 439–459. doi:10.1016/S0264-3707(00)00002-8
- ↑ a b c d Teters, Thomas J. (28 de julho de 2005). «Wiping out the Dinosaur with Five Simultaneous Impacts…». Starmon.com. Consultado em 23 de janeiro de 2008
- ↑ Chatterjee, Sankar (2002). «Shiva Structure : A Possible K-T Boundary Impact Crater on the Western Shelf of India». Special Publications, Museum Texas Tech University: 5–6
- ↑ Melosh, H. J (1989). Impact cratering : a geologic process. New York: Oxford University Press
- ↑ Chatterjee, Sankar (2002). «Shiva Structure : A Possible K-T Boundary Impact Crater on the Western Shelf of India». Special Publications, Museum Texas Tech University. 20 páginas
- ↑ Bhandari, N., al. (2002). «Global occurrence of magnetic and superparamagnetic iron phases in Cretaceous-Tertiary boundary clays». Geological Society of America Special Paper (356): 201–211
- ↑ SpringerLink - Journal Article
- ↑ Davis, John W (15 de novembro de 2006). «Texas Tech Paleontologist Finds Evidence That Meteorite Strike Near Bombay May Have Wiped Out Dinosaurs». Texas Tech University. Consultado em 3 de julho de 2010. Arquivado do original em 11 de fevereiro de 2008
- ↑ Dinosaur theory now extinct?; Asteroid didn't destroy species, researchers find Mexican crater older than first believed; [ONT Edition] Toronto Star. Toronto, Canadá, 2 de março de 2004. pp. A.02
- ↑ a b Mullen, Leslie (2 de fevereiro de 2004). «Shiva: Another K-T Impact?». SpaceDaily. Consultado em 20 de fevereiro de 2008 - cfr. site
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «cráter Shiva».