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Carmen Miranda Foi a Washington

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Carmen Miranda foi a Washington
Carmen Miranda Foi a Washington
Autor(es) Ana Rita Mendonça
Idioma português
País  Brasil
Assunto Carmen Miranda
Gênero Livro biográfico
Editora Brasil Editora Record
Lançamento 16 de março de 1999
Páginas 210
ISBN 8501053929

Carmen Miranda foi a Washington é um livro biográfico de 1999, escrito por Ana Rita Mendonça e publicado pela Editora Record. A obra explora a vida e a carreira de Carmen Miranda, destacando sua influência cultural e sua jornada nos Estados Unidos.[1]

Vinda de Portugal em 1910, ainda bebê, Carmen Miranda foi colaboradora involuntária do projeto de branqueamento racial da república. No Rio de Janeiro, retocado pela Reforma Pereira Passos, a menina Carmen cresceu tendo o samba como vizinho. Nos anos 1920, enquanto sonhava com o estrelato, chegavam ao país as novidades tecnológicas que dariam suporte à sua carreira. Com a marchinha "Pra Você Gostar de Mim", o sucesso chegou para a jovem Carmen Miranda em 1930, junto com a Era Vargas. O novo governo se interessou pelos primórdios da indústria cultural, embalados pela excelente música popular da época, e procurou controlar tudo isso. Para Carmen, foi o tempo dos discos na Victor, das apresentações na Rádio Mayrink Veiga e dos filmes carnavalescos na Cinédia. Em um deles, a artista usou sua primeira baiana. Com a clássica fantasia, no palco do Cassino da Urca, foi vista em 1939 por Lee Shubert, principal empresário da Broadway nova-iorquina.

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, circulava nos Estados Unidos — tanto nos meios governamentais quanto na indústria cultural — a política da boa vizinhança como forma de aliar os países latino-americanos. A presença da baiana branca no exterior também agradou ao Estado Novo, e a viagem ganhou apoio governamental.[2] Contratada por Shubert, Carmen estourou na Broadway da noite para o dia, atuando em musicais da 20th Century Fox e conquistando Hollywood.

Durante os 15 anos em que atuou nos Estados Unidos, ela foi um espelho das impressões americanas sobre os latinos. Para o público brasileiro, era sua representante internacional, encarada com ambivalência. Na imprensa brasileira da época, em observações sobre personagens, fantasias ou canções de Carmen, eram discutidos nossos sonhos de nação.[3]

Patrício Bisso, escrevendo para a Folha de S.Paulo, destacou que "a autora consegue captar a atmosfera febril que acompanhava a artista em suas idas e vindas". Ele a considera um "símbolo pré-Pelé da primeira chance do Brasil ao verdadeiro estrelato" e observa que Carmen nos ensina uma lição fundamental: "para agradar, temos que criar um tipo". Ele ressalta que "criar um tipo é muito diferente de fazê-lo" e que Carmen estilizou tanto sua imagem que se tornou um arquétipo.

Apesar de notar que o tom de tese se infiltra em alguns momentos, ele elogia a pesquisa feita no livro, especialmente pelas citações da época. Enquanto Ruy Castro ainda não apresenta a biografia definitiva da artista, Bisso sugere que o leitor se entretenha com esta obra, apesar das costumeiras falhas na grafia de nomes e letras, que podem incomodar leitores mais exigentes.[4]

Referências
  1. Alberto Helena Júnior (9 de fevereiro de 1999). «Cidade homenageia Carmen Miranda». Folha de S. Paulo. Consultado em 24 de junho de 2019 
  2. «CARMEN MIRANDA E A POLITICA DA BOA VIZINHANÇA» (PDF). Dia a Dia Educação. Consultado em 21 de outubro de 2024 
  3. «'Carmen' carrega contradições do Brasil». Folha de S. Paulo. 31 de julho de 1995. Consultado em 21 de outubro de 2024 
  4. PATRICIO BISSO (23 de Abril de 1999). «Fãs sonharam com o Oscar da "nanica notável"». Folha de S. Paulo. Consultado em 24 de junho de 2019 

Ligações externas

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