[go: up one dir, main page]

Saltar para o conteúdo

Mosteiro de Hemis: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
+trad EN
fim trad EN
Linha 1: Linha 1:
{{Em construção}}
{{Em tradução|tipo=artigo|:en:Hemis Monastery|data=agosto de 2016}}
{{Info/Edifício
{{Info/Edifício
|nome =Mosteiro de Hemis
|nome =Mosteiro de Hemis
Linha 27: Linha 25:
|religião =[[Budismo tibetano]], [[Drukpa]]
|religião =[[Budismo tibetano]], [[Drukpa]]
}}
}}
[[Imagem:Hemis Padmasambhava.jpg|thumb|282px|Figura de Padmasambhava no mosteiro]]
O '''Mosteiro de Hemis''' ou '''Gompa de Hemis''' é um mosteiro [[Budismo tibetano|budista tibetano]] (''[[gompa]]'') da seita {{ilc|Drukpa Kagyu||Drukpa}} ("chapéus vermelhos") do [[Ladaque]], noroeste da [[Índia]]. Situa-se a pouco mais de 40 km a sudeste de [[Leh]], a capital regional, junto à aldeia de [[Hemis]]. Embora já tivesse existido antes do {{séc|XI}}, foi refundado em 1672 pelo rei do Ladaque [[Sengge Namgyal]]. Nele se realiza anualmente em junho um festival em honra de [[Padmasambhava]] (Guru Rinpoche), o fundador do budismo tibetano.
O '''Mosteiro de Hemis''' ou '''Gompa de Hemis''' é um mosteiro [[Budismo tibetano|budista tibetano]] (''[[gompa]]'') da seita {{ilc|Drukpa Kagyu||Drukpa}} ("chapéus vermelhos") do [[Ladaque]], noroeste da [[Índia]]. Situa-se a pouco mais de 40 km a sudeste de [[Leh]], a capital regional, junto à aldeia de [[Hemis]]. Embora já tivesse existido antes do {{séc|XI}}, foi refundado em 1672 pelo rei do Ladaque [[Sengge Namgyal]]. Nele se realiza anualmente em junho um festival em honra de [[Padmasambhava]] (Guru Rinpoche), o fundador do budismo tibetano.


== História ==
== História ==
O mosteiro existiu antes do {{séc|XI}}. [[Naropa]], o mestre e tradutor que foi discípulo do [[iogue]] [[Tantra|tântrico]] e [[mahasiddha]] [[Tilopa]], morto provavelmente em 1040, está ligado ao mosteiro, onde foi encontrada uma biografia dele, que foi traduzida pelo [[Tibetologia|tibetologista]] alemão [[Albert Grünwedel]] em 1916.<ref name=gru/> Nesse manuscrito, Naropa (ou Naro) encontra o "azul escuro" ([[sânscrito]]: ''nila'', que pode ser azul escuro ou negro) Tilopa (ou Tilo), um mestre tântrico, que dá a Naropa 12 "grandes" e 12 "pequenas" tarefas para o iluminarem para o inerente caráter vazio e ilusório de todas as coisas. Naropa é apresentado como o "[[abade]] de [[Nalanda]]",<ref name=wil/> o mosteiro-universidade budista situada no que é hoje o [[Bihar|Biar]], no nordeste da Índia, que floresceu até ter sido [[saque]]ado por tropas [[Povos turcos|turcas]] e [[Afegãos|afegãs]] [[Islão|muçulmanas]]. Esse saque deve ter sido o principal motivo para a peregrinação de Naropa a Hemis.
O mosteiro existiu antes do {{séc|XI}}. [[Naropa]], o mestre e tradutor que foi discípulo do [[iogue]] [[Tantra|tântrico]] e [[mahasiddha]] [[Tilopa]], morto provavelmente em 1040, está ligado ao mosteiro, onde foi encontrada uma biografia dele, que foi traduzida pelo [[Tibetologia|tibetologista]] alemão [[Albert Grünwedel]] em 1916.{{sfn|Grünwedel|1916}} Nesse manuscrito, Naropa (ou Naro) encontra o "azul escuro" ([[sânscrito]]: ''nila'', que pode ser azul escuro ou negro) Tilopa (ou Tilo), um mestre tântrico, que dá a Naropa 12 "grandes" e 12 "pequenas" tarefas para o iluminarem para o inerente caráter vazio e ilusório de todas as coisas. Naropa é apresentado como o "[[abade]] de [[Nalanda]]",{{sfn|Wilhelm|1965|p=70}} o mosteiro-universidade budista situada no que é hoje o [[Bihar|Biar]], no nordeste da Índia, que floresceu até ter sido [[saque]]ado por tropas [[Povos turcos|turcas]] e [[Afegãos|afegãs]] [[Islão|muçulmanas]]. Esse saque deve ter sido o principal motivo para a peregrinação de Naropa a Hemis.


Depois de Naropa e Tilopa se terem encontrado em Hemis, voltaram para trás em direção a um certo mosteiro chamado Otantra, no desaparecido [[Reino de Mágada]], o qual é identificado como sendo [[Odantapuri]] (em [[Bihar Sharif]], Biar). Naropa é considerado o fundador da linhagem [[Kagyu]] do budismo esotérico himalaio, pelo que Hemis é o principal centro da linhagem Kagyu.
Depois de Naropa e Tilopa se terem encontrado em Hemis, voltaram para trás em direção a um certo mosteiro chamado Otantra, no desaparecido [[Reino de Mágada]], o qual é identificado como sendo [[Odantapuri]] (em [[Bihar Sharif]], Biar). Naropa é considerado o fundador da linhagem [[Kagyu]] do budismo esotérico himalaio, pelo que Hemis é o principal centro da linhagem Kagyu.


== Festival de Hemis ==
Em 1894, o jornalista [[russos|russo]] [[Nicolas Notovitch]] afirmou que Hemis era a origem de um de um [[evangelho]] até então desconhecido a ''“Vida de Santo Issa, o Melhor dos Filhos dos Homens”'', no qual se relata que [[Jesus]] teria viajado para a Índia durante os seus "{{ilc|anos perdidos|Anos perdidos de Jesus|Anos desconhecidos de Jesus|Vida escondida de Jesus}}". Segundo Notovitch, a obra tinha sido preservada na biblioteca de Hemois e foi-lhe mostrada por um dos monges quando ele ali estava a recuperar de uma perna partida.<ref name=notv/> No entanto, quando a estória foi reexaminada por historiadores, Notovitch teria confessado ter forjado as provas.{{
O Festival de Hemis é dedicado ao Senhor [[Padmasambhava]] (Guru Rinpoche), que é venerado no mosteiro como o Espetáculo de Dança", que representa a [[reencarnação]] de [[Buda]]. Acredita-se que Padmasambhava nasceu no 10.º dia do 5.º mês do ano do [[Macaco (zodíaco)|Macaco]], como tinha sido previsto pelo [[Sidarta Gautama|Buda Shakyamuni]]. Também se acredita que a missão da sua vida foi, e continua a ser, melhorar a condição espiritual de todos os seres vivos. Por isso, nesse dia que ocorre a cada 12 anos, realizam-se em Hemis grandes festividades em sua memória. Para os fiéis, a observância desses rituais sagrados proporciona força espiritual e saúde.

O festival tem lugar no pátio retangular em frente da porta principal do mosteiro, um espaço amplo e aberto à exceção de duas plataformas quadradas elevadas, com pouco menso de um metro de altura, com um poste sagrado no centro. É instalado um estrado com um assento almofadado e uma mesa tibetana finamente pintada com objetos cerimoniais — taças com água sagrada, arroz cru, [[torma]]s{{
NotaNT|
1=As [[torma]]s são pequenas figuras feitas de [[Massa (alimento)|massa]] e [[manteiga]] usadas nos rituais [[Tantra|tântricos]] ou como oferendas no [[budismo tibetano]]. Podem ser coloridas com diversas cores, geralmente de vermelho ou branco para o corpo principal.
}} e pauzinhos de [[incenso]]. Vários músicos tocam música tradicional com quatro pares de [[Prato (instrumento musical)|címbalos]], {{NT|large-pan drums|grandes [[tambor]]es metálicos}}, {{NT|small trumpets|pequenas trompas}} e grandes [[Instrumento de sopro|instrumentos de sopro]]. Perto dos músicos há um pequeno espaço onde se sentam os [[Lama (budismo)|lamas]].

As cerimónias começam com um ritual no início da manhã no cimo da gompa onde, ao som do rufar de tambores, choque retumbante de címbalos e o lamento espiritual de trompas, o retrato de "Dadmokarpo" ou "Rygyalsras Rinpoche" é cerimoniosamente posto em exposição para que todos o possam admirar e adorar. A parte mais esotérica das festas são as danças místicas de máscaras. As danças de máscaras do Ladaque são coletivamente chamadas "espetáculo de chams". Estes espetáculos são essencialmente uma parte da tradição [[Tantra|tântrica]] e são realizados apenas nas gompas que seguem os ensinamentos tântricos [[Vajrayana]] e onde os monges praticam culto tântrico.

== O alegado evangelho perdido encontrado no mosteiro ==
[[Imagem:Hemis Monastery Ladakh 1876.jpg|thumb|282px|Gravura do Mosteiro de Hemis na edição original de 1876 do livro de [[Thomas Edward Gordon]] ''“Roof of the World: Being the Narrative of a Journey over the High Plateau of Tibet to the Russian Frontier and the Oxus Sources on Pamir”'']]

Em 1894, o jornalista [[russos|russo]] [[Nicolas Notovitch]] afirmou que Hemis era a origem de um de um [[evangelho]] até então desconhecido — a ''“Vida de Santo Issa, o Melhor dos Filhos dos Homens”''{{
NotaNT|
1=Segundo Notovitch, ''Issa'' era o nome em {{ling|ar}} de Jesus.
}} — no qual se relata que [[Jesus]] teria viajado para a Índia durante os seus "{{ilc|anos perdidos|Anos perdidos de Jesus|Anos desconhecidos de Jesus|Vida escondida de Jesus}}", onde teria estudado com budistas e [[Hinduísmo|hindus]] antes de regressar à [[Judeia]]. Segundo Notovitch, a obra tinha sido preservada na biblioteca de Hemois e foi-lhe mostrada por um dos monges quando ele ali estava a recuperar de uma perna partida.<ref name=notv1/>{{sfn|Notovitch|2007}} No entanto, quando a estória foi reexaminada por historiadores, Notovitch teria confessado ter forjado as provas.{{
NotaNT
NotaNT
|1=''«um livro em particular de Nicolas Notovich (`Di Lucke im Leben Jesus 1894´) [...] pouco depois da publicação do livro, os relatos das experiências da viagem eram desmacaradas como mentiras. As fantasias sobre Jesus na Índia foram rapidamente consideradas invenções [...] até hoje ninguém viu os manuscritos com as alegadas narrativas sobre Jesus.»'' {{harvnb|Schneemelcher|1990}}
|1=''«um livro em particular de Nicolas Notovich (`Di Lucke im Leben Jesus 1894´) [...] pouco depois da publicação do livro, os relatos das experiências da viagem eram desmacaradas como mentiras. As fantasias sobre Jesus na Índia foram rapidamente consideradas invenções [...] até hoje ninguém viu os manuscritos com as alegadas narrativas sobre Jesus.»'' {{harvnb|Schneemelcher|1990|p=84}}
}}&nbsp;<ref name=sch/>&nbsp;{{
}}&nbsp;{{sfn|Schneemelcher|Wilson|1990|p=84}}&nbsp;{{
NotaNT
NotaNT
|1=''«Confrontado com este exame cruzado, Notovich confessou ter forjado as provas.»'' {{harvnb|McGetchin|2011}}
|1=''«Confrontado com este exame cruzado, Notovich confessou ter forjado as provas.»'' {{harvnb|McGetchin|2009|p=133}}
}}&nbsp;<ref name=mcg/> O controverso estudioso da [[Bíblia]] [[Bart D. Ehrman]] afirma que ''«Atualmente não há um único académico no planeta que yenha quaisquer dúvidas sobre a matéria. Toda a estória foi inventada por Notovitch, que ganhou uma boa quantia de dinheiro e um nível substancial de notoriedade por esse embuste.»''<ref name=ehr/>
}}&nbsp;{{sfn|McGetchin|2009|p=133}} O controverso estudioso da [[Bíblia]] [[Bart D. Ehrman]] afirma que ''«Atualmente não há um único académico no planeta que yenha quaisquer dúvidas sobre a matéria. Toda a estória foi inventada por Notovitch, que ganhou uma boa quantia de dinheiro e um nível substancial de notoriedade por esse embuste.»''{{sfn|Ehrman|2011|pp=282–283}}

<!-------
O [[pandita]] indiano [[Swami Abhedananda]] também alegou ter lido o mesmo manuscrito quando visitou Hemis em 1921. No capa do seu livro ''“Journey Into Kashmir and Tibet”'', Abhedananda escreveu que o relato da estadia de Jesus foi traduzido para ele com a ajuda de um "[[Lama (budismo)|lama]] local".{{sfn|Abhedananda|1987}} Porém, depois da morte de Abhedananda, um dos seus discípulos admitiu que que quando ele foi ao mosteiro perguntar sobre ps documentos foi-lhe dito que eles tinham desaparecido.{{Carece de fontes|hist-eo|data=agosto de 2016}} Inicialmente, Notovich também não tinha traduzido o manuscrito, pois não o sabia ler, tendo dito que quem fez a tradução foi o seu guia [[Xerpas|xerpa]].<ref name=notv1/>&nbsp;{{
The Indian [[Pandit]] [[Swami Abhedananda]] ...
NotaNT|
-------->
1=''«Os rolos originais, trazidos da Índia para Nepaul, e do Nepaul para o Thibete, relatando a vida de Issa, estão escritos em [[língua páli]] e estão atualmente em [[Lassa|Lhassa]]; mas uma cópia na nossa língua — quero dizer a [[Língua tibetana|tibetana]] — está neste convento.»'' {{harvx|notv1|Notovitch|1890}}
}} A versão de Notovich do manuscrito foi traduzido do tibetano para {{ling|ru}}, {{ling|fr}} e {{ling|en}}. De acordo com o relato de Abhedananda a tradução feita para ele pelo lama era equivalente à publicada por Notovich.{{Carece de fontes|hist-eo|data=agosto de 2016}}

== Notas ==
== Notas ==
{{Refbegin}}
{{Refbegin}}
Linha 50: Linha 68:
{{Refend}}
{{Refend}}


{{Referências|refs=
{{Referências|col=2|refs=
{{harvy|name=notv1|notv1|Notovitch|1890}}
<ref name=gru>{{Citation|last=Grünwedel|first=Albert|authorlink=Albert Grünwedel|year=1916|title=Nӑro und Tilo|publisher=Festschrift Ernst Kuhn|lingua3=de|location=Munique}}</ref>

<ref name=wil>{{Citation|last=Wilhelm|first=Friedrich|year=1965|title=Prüfung und Initiation im Buche Pau?ya und in der Biographie des Naropa|publisher=Harrassowitz|lingua3=de|location=Wiesbaden|page=70|accessdate=1 de agosto de 2016|url={{Googlebooks url|biWEX2y1Y0cC}}}}</ref>

<ref name=notv>{{Citation|last=Notovitch|first=Nicolas|year=2007|authorlink=Nicolas Notovitch|title=The Unknown Life Of Jesus Christ: By The Discoverer Of The Manuscript|lingua3=en|publisher=Lulu.com|isbn=9781434812834|url={{Googlebooks url|pFyhlM2FzxUC}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>

<ref name=sch>{{Citation|last=Schneemelcher|first=Wilhelm|year=1990|authorlink=Wilhelm Schneemelcher|last2=Wilson|first2=Robert McLachlan|title=New Testament Apocrypha, Volume 1: Gospels and Related Writings|lingua3=en|publisher=Westminster John Knox Press|page=84|isbn=9780664227210|url={{Googlebooks url|TDW0PeFSvGEC|84}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>

<ref name=mcg>{{Citation|last=McGetchin|first=Douglas T.|year=2009|title=Indology, Indomania, and Orientalism: Ancient India's Rebirth in Modern Germany|lingua3=en|publisher=Fairleigh Dickinson University Press|page=133|isbn=9780838642085|url={{Googlebooks url|PHVRDSM-tyMC|133}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>

<ref name=ehr>{{Citation|last=Ehrman|first=Bart D.|year=2011|authorlink=Bart D. Ehrman|title=Forged: Writing in the Name of God — Why the Bible's Authors Are Not Who We Think They Are|chapter=8. Forgeries, Lies, Deceptions, and the Writings of the New Testament. Modern Forgeries, Lies, and Deceptions|lingua3=en|publisher=Harper Collins|pages=282–283|isbn=9780062078636|url={{Googlebooks url|hFNBDTS5HY0C|282}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>

}}<!--fim refs-->
}}<!--fim refs-->


== Bibliografia ==
{{Refbegin|2}}
*{{Citation|last=Abhedananda|first=Swami|authorlink=Swami Abhedananda|year=1987|title=Journey Into Kashmir and Tibet: With The Life of Jesus by Nicolas Notovitch|publisher=Ramakrishna Vedanta Math|lingua3=en|accessdate=1 de agosto de 2016|url={{Googlebooks url|njluAAAAMAAJ}}}}</ref>
*{{Citation|last=Ehrman|first=Bart D.|year=2011|authorlink=Bart D. Ehrman|title=Forged: Writing in the Name of God — Why the Bible's Authors Are Not Who We Think They Are|chapter=8. Forgeries, Lies, Deceptions, and the Writings of the New Testament. Modern Forgeries, Lies, and Deceptions|lingua3=en|publisher=Harper Collins|pages=282–283|isbn=9780062078636|url={{Googlebooks url|hFNBDTS5HY0C|282}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>
*{{Citation|last=Francke|first=August Hermann|year=1914|publication-date=1972|editor-last=Thomas|editor-first=Frederick William|title=Antiquities of Indian Tibet: Personal narrative|publisher=S. Chand|lingua3=en|location=Nova Deli|accessdate=25 de julho de 2016|url={{Googlebooks url|BknjAAAAMAAJ}}}}*
*{{Citation|last=Grünwedel|first=Albert|authorlink=Albert Grünwedel|year=1916|title=Nӑro und Tilo|publisher=Festschrift Ernst Kuhn|lingua3=de|location=Munique}}
*{{Citation|last=McGetchin|first=Douglas T.|year=2009|title=Indology, Indomania, and Orientalism: Ancient India's Rebirth in Modern Germany|lingua3=en|publisher=Fairleigh Dickinson University Press|page=133|isbn=9780838642085|url={{Googlebooks url|PHVRDSM-tyMC|133}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>
*{{Citation|last=Notovitch|first=Nicolas|year=1890|authorlink=Nicolas Notovitch|last2=Connelly|first2=J. H. (trad.)|last3=Landsberg (trad.)|first3=L.|title= The Unknown Life of Jesus Christ — The Original Text of Nicolas Notovitch's 1887 Discovery|publisher=R.F. Fenno; [[Projeto Gutenberg]]|lingua3=en|location=Nova Iorque|accessdate=1 de agosto de 2016|url=http://www.gutenberg.org/ebooks/29288|ref=notv1}}
*{{Citation|last=Notovitch|first=Nicolas|year=2007|title=The Unknown Life Of Jesus Christ: By The Discoverer Of The Manuscript|lingua3=en|publisher=Lulu.com|isbn=9781434812834|url={{Googlebooks url|pFyhlM2FzxUC}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>
*{{Citation|last=Schneemelcher|first=Wilhelm|year=1990|authorlink=Wilhelm Schneemelcher|last2=Wilson|first2=Robert McLachlan|title=New Testament Apocrypha, Volume 1: Gospels and Related Writings|lingua3=en|publisher=Westminster John Knox Press|page=84|isbn=9780664227210|url={{Googlebooks url|TDW0PeFSvGEC|84}}|accessdate=1 de agosto de 2016}}</ref>
*{{Citation|last=Wilhelm|first=Friedrich|year=1965|title=Prüfung und Initiation im Buche Pauṣya und in der Biographie des Nāropa|publisher=Harrassowitz|lingua3=de|location=Wiesbaden|page=70|accessdate=1 de agosto de 2016|url={{Googlebooks url|biWEX2y1Y0cC}}}}</ref>
{{Refend}}


{{Commonscat|Hemis Monastery}}
{{Commonscat|Hemis Monastery}}

Revisão das 23h05min de 1 de agosto de 2016

Mosteiro de Hemis
Mosteiro de Hemis
Nomes alternativos Gompa de Hemis
Tipo gompa
Estilo dominante tibetano
Construção 1672
Inauguração 1672
Função atual gompa
Aberto ao público Sim
Religião Budismo tibetano, Drukpa
Geografia
País  Índia
Cidade Hemis
Estado Jammu e Caxemira
Distrito Leh
Região histórica Ladaque
Coordenadas 33° 54′ 44″ N, 77° 42′ 10″ L
Mosteiro de Hemis está localizado em: Índia
Mosteiro de Hemis
Localização do mosteiro na Índia
Mapa
Localização em mapa dinâmico
Figura de Padmasambhava no mosteiro

O Mosteiro de Hemis ou Gompa de Hemis é um mosteiro budista tibetano (gompa) da seita Drukpa Kagyu ("chapéus vermelhos") do Ladaque, noroeste da Índia. Situa-se a pouco mais de 40 km a sudeste de Leh, a capital regional, junto à aldeia de Hemis. Embora já tivesse existido antes do século XI, foi refundado em 1672 pelo rei do Ladaque Sengge Namgyal. Nele se realiza anualmente em junho um festival em honra de Padmasambhava (Guru Rinpoche), o fundador do budismo tibetano.

História

O mosteiro existiu antes do século XI. Naropa, o mestre e tradutor que foi discípulo do iogue tântrico e mahasiddha Tilopa, morto provavelmente em 1040, está ligado ao mosteiro, onde foi encontrada uma biografia dele, que foi traduzida pelo tibetologista alemão Albert Grünwedel em 1916.[1] Nesse manuscrito, Naropa (ou Naro) encontra o "azul escuro" (sânscrito: nila, que pode ser azul escuro ou negro) Tilopa (ou Tilo), um mestre tântrico, que dá a Naropa 12 "grandes" e 12 "pequenas" tarefas para o iluminarem para o inerente caráter vazio e ilusório de todas as coisas. Naropa é apresentado como o "abade de Nalanda",[2] o mosteiro-universidade budista situada no que é hoje o Biar, no nordeste da Índia, que floresceu até ter sido saqueado por tropas turcas e afegãs muçulmanas. Esse saque deve ter sido o principal motivo para a peregrinação de Naropa a Hemis.

Depois de Naropa e Tilopa se terem encontrado em Hemis, voltaram para trás em direção a um certo mosteiro chamado Otantra, no desaparecido Reino de Mágada, o qual é identificado como sendo Odantapuri (em Bihar Sharif, Biar). Naropa é considerado o fundador da linhagem Kagyu do budismo esotérico himalaio, pelo que Hemis é o principal centro da linhagem Kagyu.

Festival de Hemis

O Festival de Hemis é dedicado ao Senhor Padmasambhava (Guru Rinpoche), que é venerado no mosteiro como o Espetáculo de Dança", que representa a reencarnação de Buda. Acredita-se que Padmasambhava nasceu no 10.º dia do 5.º mês do ano do Macaco, como tinha sido previsto pelo Buda Shakyamuni. Também se acredita que a missão da sua vida foi, e continua a ser, melhorar a condição espiritual de todos os seres vivos. Por isso, nesse dia que ocorre a cada 12 anos, realizam-se em Hemis grandes festividades em sua memória. Para os fiéis, a observância desses rituais sagrados proporciona força espiritual e saúde.

O festival tem lugar no pátio retangular em frente da porta principal do mosteiro, um espaço amplo e aberto à exceção de duas plataformas quadradas elevadas, com pouco menso de um metro de altura, com um poste sagrado no centro. É instalado um estrado com um assento almofadado e uma mesa tibetana finamente pintada com objetos cerimoniais — taças com água sagrada, arroz cru, tormas[nt 1] e pauzinhos de incenso. Vários músicos tocam música tradicional com quatro pares de címbalos, grandes tambores metálicos, pequenas trompas e grandes instrumentos de sopro. Perto dos músicos há um pequeno espaço onde se sentam os lamas.

As cerimónias começam com um ritual no início da manhã no cimo da gompa onde, ao som do rufar de tambores, choque retumbante de címbalos e o lamento espiritual de trompas, o retrato de "Dadmokarpo" ou "Rygyalsras Rinpoche" é cerimoniosamente posto em exposição para que todos o possam admirar e adorar. A parte mais esotérica das festas são as danças místicas de máscaras. As danças de máscaras do Ladaque são coletivamente chamadas "espetáculo de chams". Estes espetáculos são essencialmente uma parte da tradição tântrica e são realizados apenas nas gompas que seguem os ensinamentos tântricos Vajrayana e onde os monges praticam culto tântrico.

O alegado evangelho perdido encontrado no mosteiro

Gravura do Mosteiro de Hemis na edição original de 1876 do livro de Thomas Edward Gordon “Roof of the World: Being the Narrative of a Journey over the High Plateau of Tibet to the Russian Frontier and the Oxus Sources on Pamir”

Em 1894, o jornalista russo Nicolas Notovitch afirmou que Hemis era a origem de um de um evangelho até então desconhecido — a “Vida de Santo Issa, o Melhor dos Filhos dos Homens”[nt 2] — no qual se relata que Jesus teria viajado para a Índia durante os seus "anos perdidos", onde teria estudado com budistas e hindus antes de regressar à Judeia. Segundo Notovitch, a obra tinha sido preservada na biblioteca de Hemois e foi-lhe mostrada por um dos monges quando ele ali estava a recuperar de uma perna partida.[3][4] No entanto, quando a estória foi reexaminada por historiadores, Notovitch teria confessado ter forjado as provas.[nt 3] [5] [nt 4] [6] O controverso estudioso da Bíblia Bart D. Ehrman afirma que «Atualmente não há um único académico no planeta que yenha quaisquer dúvidas sobre a matéria. Toda a estória foi inventada por Notovitch, que ganhou uma boa quantia de dinheiro e um nível substancial de notoriedade por esse embuste.»[7]

O pandita indiano Swami Abhedananda também alegou ter lido o mesmo manuscrito quando visitou Hemis em 1921. No capa do seu livro “Journey Into Kashmir and Tibet”, Abhedananda escreveu que o relato da estadia de Jesus foi traduzido para ele com a ajuda de um "lama local".[8] Porém, depois da morte de Abhedananda, um dos seus discípulos admitiu que que quando ele foi ao mosteiro perguntar sobre ps documentos foi-lhe dito que eles tinham desaparecido.[carece de fontes?] Inicialmente, Notovich também não tinha traduzido o manuscrito, pois não o sabia ler, tendo dito que quem fez a tradução foi o seu guia xerpa.[3] [nt 5] A versão de Notovich do manuscrito foi traduzido do tibetano para russo, francês e inglês. De acordo com o relato de Abhedananda a tradução feita para ele pelo lama era equivalente à publicada por Notovich.[carece de fontes?]

Notas

  1. As tormas são pequenas figuras feitas de massa e manteiga usadas nos rituais tântricos ou como oferendas no budismo tibetano. Podem ser coloridas com diversas cores, geralmente de vermelho ou branco para o corpo principal.
  2. Segundo Notovitch, Issa era o nome em árabe de Jesus.
  3. «um livro em particular de Nicolas Notovich (`Di Lucke im Leben Jesus 1894´) [...] pouco depois da publicação do livro, os relatos das experiências da viagem eram desmacaradas como mentiras. As fantasias sobre Jesus na Índia foram rapidamente consideradas invenções [...] até hoje ninguém viu os manuscritos com as alegadas narrativas sobre Jesus.» Schneemelcher 1990, p. 84
  4. «Confrontado com este exame cruzado, Notovich confessou ter forjado as provas.» McGetchin 2009, p. 133
  5. «Os rolos originais, trazidos da Índia para Nepaul, e do Nepaul para o Thibete, relatando a vida de Issa, estão escritos em língua páli e estão atualmente em Lhassa; mas uma cópia na nossa língua — quero dizer a tibetana — está neste convento.» Notovitch 1890
Referências

Bibliografia

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Mosteiro de Hemis