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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Teatro
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Descrição
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Edifício de planta trapezoidal, com as fachadas alinhadas com as respectivas ruas, de massas simples, dispostas verticalmente, de cobertura em telhado. FACHADA N. dividida em 3 corpos, sendo o principal composto de 3 andares, flanqueado por pilastras em cantaria terminadas em capitel . R/c composto de 3 portas de verga em arco de volta perfeita e de bandeira em ferro forjado, intercaladas por pilastras em cantaria, arrancando daqui os cachorros de suporte do balcão do 1º andar. Este tem 3 janelas de sacada de lintel em arco de volta perfeita, sobrepujado por uma moldura que acompanha o arco, que por sua vez está encimado por frontão, dando todas as janelas para o balcão rectangular que corre a toda a largura do corpo principal. A separação deste para o último andar é feita por uma cimalha que acompanha todos os corpos desta fachada; composta por 3 janelas de brincos, de novo com lintel em arco de volta perfeita, com a mesma moldura e frontão, sendo estes menos trabalhados que os anteriores. Corpo encimado por arquitrave, com a inscrição THEATRO DA TRINDADE, rematado por frontão triangular, decorado no tímpano por um conjunto de motivos vegetalistas e uma lira. FACHADA O. composta por um só corpo, de embasamento proeminente, onde se inserem pequenas janelas rectangulares que, à medida que o declive se acentua, vão tendo por baixo portas. R/c com 6 janelas de sacada de brincos, intercaladas por medalhões com pequenos bustos no seu interior (todos eles representando diferentes personagens); 1º andar com 6 janelas de sacada com lintel em arco de volta perfeita, sobrepujado pela mesma moldura que se encontra na fachada principal; 2º andar com 6 janelas de peito de brincos, de novo com a mesma moldura, terminando com uma cimalha e rematando a fachada com arquitrave e friso a toda a largura do edifício. A separação dos pisos é feita por frisos simples em cantaria ao nível do arco das janelas do r/c, e por um friso mais largo ao nível do gradeamento no 1º andar. FACHADA PRINCIPAL mais simples que as anteriores, mas continuando o modelo; r/c com acesso feito por degraus em cantaria em cada uma das 3 portas, acompanhando o declive da rua; portas de lintel em arco de volta perfeita, ligadas entre si por um friso, e flanqueadas por medalhões esculpidos; 1º piso com 3 janelas de sacada de verga em arco de volta perfeita, sobrepujado pela mesma moldura das anteriores; no último piso de novo 3 janelas de brincos com a referida moldura, intercalados por 2 molduras dos medalhões (sem busto esculpido). Rematando a fachada encontra-se o letreiro com o nome do teatro inscrito numa moldura, por sua vez sobrepujado por cimalha. Por cima deste ainda um corpo destacado que termina em arco de volta pefeiita com painel de azulejos policromados com uma coroa de louros e uma balança (?); painel flanqueado por 2 janelas de peito de verga recta e por 2 janelas inscritas na cobertura em mansarda. INTERIOR: sala de planta em ferradura e cena à italiana, de palco rectangular de abertura única sobre a plateia, encimado por friso esculpido, de feição clássica, com figuras femininas, segurando uma delas uma faixa com o nome do teatro inscrito. Plateia constituída por 15 filas de cadeiras, com corredor central, sendo as primeiras 3 ladeadas por 2 camarotes no mesmo nível; acesso feito por 2 portas, uma lateral e outra no lado oposto ao palco; restante sala composta por 3 ordens e 4 balcões, estando o 1º balcão da 1ª ordem avançado em relação aos restantes, com 2 filas de cadeiras; a 2ª fila da 1ª ordem e a 2ª ordem são de camarotes; 3ª ordem tem 3 filas de cadeiras em madeira (todas as outras são estofadas). Tecto é dominado pelo lustre que pende do centro e a partir do qual se desenvolve a decoração em forma de flor, em cujas "pétalas" estão inscritos pequenos medalhões com bustos esculpidos. Camarins e salas de arrumações debaixo da caixa de palco, com acesso directo para a rua. Entrada principal de planta quadrangular, cortada por pilares; chão em mármore policromo (branco, rosa e cinza). Escadaria dupla e desencontrada que acompanha a planta semi-circular da sala desenvolvendo-se pelos 3 pisos, nos quais existem pequenos "foyers" e o salão principal, de planta rectangular e 2 janelas de sacada, sendo a entrada marcada por duas colunas e arco de volta perfeita. O sotão, onde é visível todo o travejamento de suporte do telhado, foi aproveitado para a pintura dos cenários e telões. No andar inferior ao sotão, mas imediatamente acima da da sala principal, estão instalados os serviços directivos do teatro, o sistema de ar condicionado e outras pequenas salas para arrumação. |
Acessos
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Rua Nova da Trindade, n.º 9C; Largo da Trindade, n.º 1, 2, 3, 7, 7A; Rua da Misericórdia, n.º 44, 46, 48 |
Protecção
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Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) / Incluído na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) e na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Casa do Ferreira das Tabuletas (v. IPA.00003190) |
Enquadramento
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Edifício de localização destacada, ocupando o extremo norte do extenso quarteirão desenhado pela Rua da Misericórdia, Largo da Trindade, Rua Nova da Trindade e o Largo do Chiado. Implantado em terreno em declive acentuado no sentido da Rua da Misericórdia para o Largo Camões na fachada E., da Ria Nova da Trindade para o Largo do Chiado na fachada O. e da Rua Nova da Trindade para a Rua da Misericórdia na fachada N. Quarteirão composto pelo Teatro da Trindade a N., seguido do edifício da Anglo Portuguese Telephone Company, do centro comercial Espaço Chiado, antigo Teatro Ginásio (v. PT031106270140), terminando na igreja de Nossa Senhora do Loreto (v. PT031106270325). As frentes urbanas são compostas por edifícios setecentistas de habitação e serviços; na fachada N. pelo o palácio da Trindade, na fachada O. para o Largo Rafael Bordalo Pinheiro onde se insere o edifício revestido de painéis de azulejos da autoria do Ferreira da Tabuletas (v. PT031106270104), na fachada E. para uma das artérias principais desta zona, ligando o Largo do Chiado ao Largo Trindade Coelho, onde se encontra o restaurante Tavares (v. PT031106150200). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: teatro |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: teatro |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Miguel Evaristo de Lima Pinto. DECORADOR: Maria José Salavisa (1962). ENGENHEIRO: Alexandre Soares (1923); ESCULTOR: Leopoldo de Almeida (1924). PINTOR: Jorge Procópio. |
Cronologia
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1737 - numa das dependências do palácio condes de Alva/Paim teria funcionado a Academia da Trindade, de Alesandro Pagheti, o primeiro teatro público de ópera italiana; 1755 - terramoto destruiu quase todo o Convento da Trindade e palácios envolventes; convento foi reconstruído mas sofreu um incêndio acabando o terreno por ser vendido em parcelas; 1866 - foi criada a Sociedade do Teatro da Trindade, empresa liderada por Francisco Palha, incluindo ainda o Duque de Palmela e os irmãos Fortunato e Frederico Chamiço, que tinham como fim a compra de um terreno para a construção de um teatro e salão; 1867 - início da construção do teatro nos antigos terrenos do Palácio dos condes de Alva; inauguração do teatro que tinha como novidades construtivas um novo sistema de ventilação e plateia de subir para que fosse nivelada com o palco por ocasião dos bailes; salão foi inaugurado por altura do Carnaval com 8 bailes; estava decorado com espelhos, com galeria à volta sobre colunas, 3 lustres pendentes do tecto e um anfiteatro para orquestra; o repertório era composto por teatro declamado, opereta e zarzuelas, passando por aqui essencialmente companhias teatrais estrangeiras, já que as produções nacionais eram escassas; 1893 - sociedade pôs o teatro à venda, sendo depois adquirido por António Serrão Franco; 1901 - passou a ser explorado pelo empresário Afonso Taveira; 1910 - repertório do teatro era preenchido por completo com ópera; 1912/1920 - Augusto Pina criou uma empresa para a exploração do Trindade, durante a existência da qual se fizeram obras de pintura na sala principal; 1913 - têm início as sessões de animatógrafo no Salão do Trindade e começaram as matinées-concerto de Domingo no Salão do Trindade; 1914/1917 - durante este período eram postas em cena principalmente revistas e operetas; 1917 - as fachadas do teatro encontravam-se em mau estado de conservação; 1918 - situação financeira do teatro estava em estado bastante precário; 1919 - Teatro da Trindade fecha para obras, tendo o salão fechado alguns meses antes; 1920 - teatro é vendido à Anglo Portuguese Telephone Company por 450 contos de réis, ficando com o direito de exploração por 10 anos; demolição da parte do edifício onde estava o salão para a construção do edifício da companhia de telefones; 1921 - leilão de todas as peças e recheio do velho teatro; 1923 - é lançada a primeira pedra do novo edifício da companhia de telefones e a mesma companhia cedeu o teatro a José Loureiro, que acabou por comprá-lo por 10.000 libras estrelinas e procedeu a remodelações; 1925 - inauguração do 2º teatro da Trindade e do novo imóvel para a instalação dos serviços centrais, do risco de René Touzel; teatro foi alteado de forma a acompanhar a nova fachada do edifício dos telefones; 1938 - instalação de um moderno equipamento de cinema, como forma de combater a fraca afluência de público e consequentemente os baixos lucros do teatro; 1962 - herdeiros de José Loureiro vendem, por 8 mil contos, o teatro à FNATque realizou obras de restauro e remodelações no interior, feitas pela decoradora Maria José Salavisa; Serra Formigal, director artístico do teatro, criou a Companhia Portuguesa de Ópera, que ali ficou sediada; 1967 - FNAT assume a exploração exclusiva e total do teatro; 1968/1969 - criação de uma Companhia Lírica constituída por cantores portugueses, mas o elevado custo de montagens levou a um desastre financeiro; 1974/1988 - período durante o qual o teatro esteve totalmente abandonado, sem qualquer actividade artística e teatral; 1992 - inauguração de uma outra sala de espectáculos, que não a principal. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Bibliografia
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ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VI, Lisboa, 1993; Boletim da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, Inverno 1960, Primavera 1962, Verão 1966, Outono 1967; CÂMARA, Maria Alexandra Trindade Gago da, Lisboa: Espaços Teatrais Setecentistas, Lisboa, 1996; COSTA, Mário, O Chiado Pitoresco e Elegante, Lisboa, 1965; Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; FRANÇA, José-Agusto, A Arte em Portugal no séc. XIX, vol. I, Lisboa, 1990; FRANÇA, José-Augusto, A Sétima Colina. Roteiro Histórico Artístico, Lisboa, 1994; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 2º tomo, Lisboa, 1975; INATEL reivindica à Telecom parte alienada ao edifício do teatro. Em causa a dignidade do Trindade in Público, 27 Novembro de 1996; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, O Carmo e a Trindade. Subsídios para a História de Lisboa, vol. III, Lisboa, 1941; SILVA, Vieira da, A Cerca Fernandina de Lisboa, vol. I, 2º edição, Lisboa, 1987; RIBAS, Tomás, O Teatro da Trindade. 125 anos de Vida, Porto, 1993; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III; http://teatrotrindade.inatel.pt/ |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras, Proc. nº 7289; INATEL: Arquivo do Teatro da Trindade |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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CML: Arquivo de Obras, Proc. nº 7289 |
Intervenção Realizada
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1923 - colocação de uma marquise em ferro com focos luminosos e montagem de pano metálico na sala de espectáculos; 1925 - alteração parcial da fachada, com coroamento da fachada do teatro; 1927 - reparações internas e exteriores; 1930 - colocação de 5 vitrines luminosas na fachada; 1938 - colocação de um reclame luminoso com tubos luminescentes e de uma cabine cinematográfica; 1943 - pequenas reparações e pinturas exteriores, nomeadamente dos candeeiros e medalhões que ornamentam a fachada e iluminação das placas e cartazes; 1947 - obras de reparação de interiores e do telhado; 1957 - levantamento do telhado, alteração da instalação eléctrica e forro dos estofos da sala de espectáculos; FNAT: 1962 - obras de restauro e remodelações no interior; 1963 - instalação de sistema de ar condicionado; INATEL: 1991 - profundas obras de renovação, restauro no exterior, no telhado, no átrio, na sala de espectáculos, no foyer, no estúdio, no palco, no subpalco, nos camarins, nos lavabos, no bar, nos armazéns, nas oficinas e dependências para o pessoal. O estúdio de ensaios foi transformado para ai se realizarem espectáculos de feição experimentalista; 1996 - campanha de obras para a recuperação do interior do edifício; 2000 - recuperação dos estuques da entrada principal; 2009 - tratamento dos rebocos e pinturas do exterior. |
Observações
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A tribuna presidencial, e todos os camarotes que se encontram em cima do palco, não são mais utilizados com esse fim, não só pela má visibilidade que têm para o palco, como é nesse local que se encontram as colunas de som e outros elementos técnicos. Da mesma maneira, parte do balcão de 2º ordem, de frente para o palco, está ocupado com material técnico. |
Autor e Data
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Sofia Diniz 2000 |
Actualização
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